Síndrome das Pernas Inquietas

Imagine a cena: você chega em casa após um dia exaustivo de trabalho e quando você vai se deitar para dormir, não consegue relaxar porque sente uma vontade incontrolável de mover as pernas. Difícil, não? Quando isso acontece com frequência, é bom ficar atento, porque pode ser a síndrome das pernas inquietas (SPI).

Apesar do nome estranho, ela não é tão rara quanto você possa imaginar. Estimativas dão conta de que pelo menos uma em cada 20 pessoas têm essa doença, que é considerada um distúrbio do sono por se manifestar à noite, quando o indivíduo já está na cama. Só que como nem todos conhecem a síndrome, muitas vezes acabam negligenciando os sintomas e confundindo com os da ansiedade.

Trata-se de um distúrbio neurológico que implica em dificuldade em adormecer, privação de sono e sonolência diurna excessiva. Além de incomodar o sono de quem divide a cama com esta pessoa! A característica fundamental desta enfermidade é a presença de desconforto, especialmente notável nas pernas (ainda que possa afetar outras regiões do corpo), cuja intensidade tem flutuação circadiana (aumenta à noite) e é aliviado por movimentação da parte corporal afetada. A maioria dos pacientes tem formas primárias de SPI, com significativa contribuição genética: ou seja, não é causada ou influenciada por outras condições médicas. No entanto, em cerca de 1/3 dos casos SPI é secundária a outras patologias, como neuropatias periféricas, alterações no ferro sanguíneo e outros. O exame de polissonografia (teste do sono, realizado durante uma noite inteira) detecta os movimentos excessivos das pernas e, somando-se com a história clínica, permite o diagnóstico da síndrome.

São considerados fatores de risco para o aparecimento de SPI as seguintes situações: (1) Sexo feminino; (2) Idade >50 anos; (3) Gravidez; (4) Deficiência de ferro; (5) Doação frequente de sangue; (6) Insuficiência renal crônica; (7) Neuropatia periférica; (8) Uso excessivo de álcool ou bebidas cafeinadas; (9) Uso de fármacos como antidepressivos, antihistamínicos, metoclopramida, lítio etc.; (10) Outros: doença de Parkinson, diabetes mellitus, fibromialgia, artrite reumatoide, mielopatias, transtornos do sono como narcolepsia e distúrbio comportamental do sono REM

É geralmente fácil de tratar. Para a maioria das pessoas, simplesmente evitar cafeína, álcool e alguns tipos de medicamentos pode ser suficiente. Fazer um leve exercício, alongar-se ou massagear as pernas também ajuda. Mas, para algumas pessoas, pode ser necessário tomar remédios e o médico especialista em sono deverá ser consultado.

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