DORMIDOR CURTO

Parece ficção científica, mas há quem afirme que nações pesquisam um super soldado que precisasse de um mínimo de horas de sono e se mantivesse em alerta guerreando o máximo possível. A falta de sono não seria um empecilho para uma máxima produtividade. Mas o fato é que não há como se ensinar a dormir pouco – embora não possamos negar que as pessoas não estejam tentando! Uma grande parcela da população está se arrastando com menos sono que o necessário, com em torno de 6 horas/noite. O trabalho, a família e outros compromissos despertam as pessoas mais cedo, enquanto os computadores, a TV e outros meios eletrônicos mantêm as pessoas acordadas até tarde da noite. (Outros fatores que contribuem para a privação crônica do sono podem incluir a apneia do sono, depressão, ansiedade, estresse e hiperatividade, entre outros.) Ou seja, não há como dormir pouco sem sofrer com um custo alto para a saúde e para o bem-estar físico e emocional. Pelo menos por enquanto, já que muitos pesquisadores acham que, a longo prazo, possam aprender o suficiente para manipular os caminhos do sono sem prejudicar a saúde.

Muito interessante é que uma parcela mínima da população, talvez 1 a 3%, pode ser classificada como dormidores curtos genuínos ou naturais, e precisam apenas de cinco ou seis horas de sono por noite para manter uma atividade diária eficaz, sem necessidade de recorrer a estimulantes (como o café) ou cochilos no meio do dia! Um pesquisador da Universidade da Califórnia (EUA) e professor de neurologia Ying-Hui Fu descobriu uma mutação em um gene descrito como DEC2, em uma família com este perfil de dormidores curtos. Pessoas que vão para cama no início da madrugada e despertam naturalmente por volta das 5h, com disposição e energia recarregadas. Ou seja, são pessoas geneticamente privilegiadas. Estes dormidores curtos naturais parecem ter níveis mais elevados de uma proteína que estimula o despertar – hipocretina ou orexina – que, por sinal, está em quantidades muito baixas em um distúrbio do sono caracterizado por sonolência excessiva e conhecido como narcolepsia.

Vale ressaltar que a maior parte das pessoas que dormem pouco têm, na verdade, uma privação crônica do sono e por decisão própria. Por exemplo: quando as pessoas têm uma chance de dormir mais, nos finais de semana ou nas férias, elas ainda dormem apenas cinco ou seis horas por noite? As pessoas que dormem mais quando podem não são verdadeiras dormidas curtas!

Ainda há poucos estudos para dizer quais são os efeitos desta necessidade menor de sono na saúde a longo prazo destes dormidores curtos genuínos. Portanto, para a imensa maioria, fica o alerta de que dormir não é perda de tempo!

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