A principal mensagem deste texto é informar que SIM, existem opções cirúrgicas para aqueles que sofrem com ronco e apneia do sono (pausas na respiração). Uma abordagem personalizada e cuidadosa, entretanto, é essencial porque não existe uma cirurgia única que funcione bem para todos e o sucesso depende da identificação precisa dos fatores responsáveis em cada pessoa.
Hoje em dia, inúmeros pesquisadores aprofundam a investigação das causas da síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) e, nas decisões por cirurgia,os procedimentos mais eficazes são aqueles que estabilizam diferentes estruturas ao redor das vias aérea superior (em resumo, aumentam o diâmetro e evitam que esta via aérea se feche repetidamente durante e sono). As três áreas principais que contribuem para essas condições de estreitamento são as regiões nasal, do pálato e amigdalas (orofaringe) e a da língua (hipofaringe). Na hipofaringe, podemos encontrar uma hipertrofia da amigdala lingual, que só pode ser avaliada pelos exames de nasofibroscopia ou Ressonância Magnética. Em um mesmo paciente, muitas vezes, mais de uma dessas regiões se encontram comprometidas e, estatisticamente, a orofaringe é a mais prevalente e, por isso, apenas em alguns casos a cirurgia nasal isolada pode bastar por si só.
A avaliação no consultório (incluindo alternativas como a sonoendoscopia no centro cirúrgico) pelo cirurgião especialista em cirurgia do sono é uma oportunidade crítica para planejar e adaptar o tratamento ao padrão individual de bloqueio das vias aéreas, em vez de realizar a mesma cirurgia em todos os pacientes.As pessoas são diferentes e, em se tratando de ronco e apneia obstrutiva do sono, idade, sexo, peso corporal, raça e etnia afetam todos os resultados do tratamento, assim como as diferenças nas estruturas da cabeça e pescoço. Todos estes fatores têm implicações importantes nos resultados da cirurgia e é importante reconhecê-los. Um paciente com obesidade mórbida, por exemplo, pode ter seu quadro de SAOS resolvido com a perda ponderal após uma cirurgia dita bariátrica. Outros precisam adequar a parte esquelética da face, ou seja, corrigir uma mandíbula ou maxila pequenas ou posicionadas de forma inadequada.
Hoje em dia, sabemos que uma musculatura frágil na parede lateral da faringe (garganta) é fator principal em muitos pacientes, de forma que, obtém-se cada vez mais sucesso com as “faringoplastias” que estabilizam a via aérea superior com a intervenção mais em alguns músculos e menor manipulação nos tecidos moles, como a úvula. São técnicas recentes, a exemplo da Faringoplastia Expansora Funcional, realizadas sob anestesia geral e cujo pós-operatório exige paciência e cuidados com o repouso e medicações, já que a dor para se alimentar nos primeiros 10 dias é significativa.