O CAFÉ E O SONO

A foto acima é de uma ação publicitária sagaz de uma marca de café que traduz a rotina de uma multidão “que só funciona com café”.

Quem sabe você esteja lendo este texto acompanhado de uma xícara de café. Muitas pessoas se recusam a iniciar a primeira conversa ou atividade matinal sem um gole desta bebida, e o ritual se repete para se manter atento depois do almoço, vira um pretexto para um intervalo no expediente ou a companhia essencial em uma noite de trabalho extra.

O brasileiro consome em média de 3 a 4 xícaras (40ml) por dia e, além de maior produtor e exportador mundial de café do mundo, o Brasil já desponta também como maior consumidor global da bebida, segundo dados de 2018 da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). E por que (e como) uma xícara de café nos mantém acordados?

Desde as primeiras horas da manhã, nosso cérebro passa a produzir uma substância química denominada adenosina que vai se acumulando durante o dia e causa uma vontade crescente de dormir (“pressão do sono”). A cafeína do café bloqueia estes receptores no cérebro, adiando esta tendência a dormir, fazendo-nos sentirmos mais alertas. Ou seja, a cafeína é um estimulante psicoativo, com potencial de viciar e não um simples suplemento alimentar, e seus níveis circulantes no sangue atingem um máximo, em cerca de 30 minutos após a ingestão oral. O problema, contudo, é a sua longa persistência no organismo, já que depois de 5 a 7 horas, ainda existe metade da quantidade consumida. Em outras palavras, à uma e meia da manhã você estará apenas a meio caminho de completar a tarefa de limpar o cérebro da cafeína ingerida após o jantar. E isto depende da idade: o envelhecimento afeta a velocidade da remoção da cafeína, lentificando a eliminação da substância.

A cafeína – que não é predominante apenas no café, em certos chás, refrigerantes e muitas bebidas energéticas, mas também em alimentos como o chocolate meio-amargo e o sorvete, bem como em medicamentos analgésicos – é um dos culpados mais comuns de impedir que as pessoas adormeçam com facilidade e depois durmam profundamente (insônia). Um alerta ainda maior para os pais, já que achocolatados também são incluídos na lista.  Uma curiosidade é que “descafeinado” não é sinônimo de “não cafeinado” e uma xícara de café descafeinado contém de 15 a 30% da dose de uma xícara de café normal.

E será que você não tem bebido café demais? Em épocas atuais, em que muitos ficam reféns de medicações para dormir e de muito café para se manterem despertos durante o dia, será que não está na hora de refletir sobre a quantidade e da qualidade do seu sono? A sua xícara de café é um prazer ou uma necessidade? De qualquer forma, sempre vale a pena evitar consumir produtos cafeinados no fim do dia e à noite, para minimizar interferências no seu sono.

 

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