Quando amígdalas e adenoide são vilões?

Febre alta, dificuldade para comer, roncos, sono agitado, faltas na escola e no trabalho, halitose, uso recorrente de antibióticos, alterações na fala e sequelas cardíacas (febre reumática). Você deve conhecer algum familiar próximo com um quadro parecido, já que as infecções das amígdalas e a hipertrofia de adenoide estão entre as queixas mais comuns na população em geral.

Por se situarem estrategicamente na entrada das vias aéreas e digestiva elas ficam expostas a uma grande variedade de processos virais e bacterianos e têm uma participação na produção de anticorpos (uma das defesas do organismo). A adenoide (no fundo do nariz) possui várias reentrâncias (“dedos”) que justificam o nome popular de “carne esponjosa” e precisa de um exame de imagem para diagnóstico (RX de CAVUM) ou por microcâmera no consultório.

Infecções (vírus, bactérias e fungos), processos alérgicos e tumores podem causar edema nessas estruturas. As infecções virais são muito mais frequentes que as bacterianas, ou seja, uma dor de garganta nem sempre necessita de antibióticos. Mas sabemos que muitas pessoas (crianças e adultos) têm infecções bacterianas praticamente todo mês!

Outras vezes, as amígdalas e a adenoide têm um tamanho exagerado que interrompe a passagem do ar causando roncos, sono agitado, halitose, respiração pela boca ou atrapalham a ingestão de alimentos sólidos. No caso das crianças, elas darão preferência aos líquidos ou alimentos triturados e terão dificuldade para ganhar peso e crescer.

Mas, por que algumas pessoas têm amígdalas e adenoide doentes? Fatores alérgicos e genéticos influenciam. As bactérias podem se organizar dentro das amígdalas e adenoide (AA) de uma forma muito ardilosa (biofilme) que as tornam mais resistentes aos antibióticos. E após tantos episódios de infecções, a estrutura das AA perde suas características e evoluem para uma fibrose (um tecido cicatricial) que não produzirá mais anticorpos. Essa fibrose facilita um acúmulo indesejável de resíduos alimentares (pequenas partículas branco-amareladas com odor desagradável) chamadas de CASEUM.

Obviamente, é papel do médico acompanhar e esgotar todo tratamento clínico possível antes de se considerar a cirurgia. E ressalte-se: não haverá diminuição da imunidade ou aumento das faringites, não se desloca a mandíbula durante a cirurgia e muito menos há prejuízo para as cordas vocais.

Em resumo: sim, hoje em dia ainda são recomendadas cirurgias de amígdalas e adenoide, inclusive em adultos, desde que após uma avaliação criteriosa e individualizada. Isso pode evitar gastos financeiros excessivos e preocupação para os pais, queda na qualidade de vida e produtividade.

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