O inverno é uma estação de alerta para gripes e resfriados. O médico otorrinolaringologista trata com frequência pessoas com essas infecções virais das vias aéreas superiores (IVAS). Essas IVAS são a doenças mais comuns que afetam os seres humanos e geram números impressionantes. Por exemplo, enquanto a população adulta pode desenvolver 2 a 5 episódios por ano, as crianças em idade escolar desenvolvem de 7 a 10 episódios de IVAS no decorrer de um mesmo ano! Uma incidência incrível, não? Felizmente, a imensa maioria dos casos se resolve sem complicações, com medicações sintomáticas e repouso, mas a intensidade da infecção viral é modulada pela idade, estado fisiológico e imunológico do paciente e a depender desses fatores, a infecção pode apresentar-se desde assintomática ou até levar o paciente ao óbito. Você já deve ter ouvido falar que algum conhecido precisou usar antibiótico ou até mesmo foi internado por causa de “uma gripe mal curada”, não?
Mas, afinal, quais as principais diferenças entre resfriado e gripe?
Basicamente, no resfriado comum a sintomatologia é mais discreta, iniciando com cefaleia (dor de cabeça), espirros, calafrios e dor de garganta e sintomas tardios de coriza, obstrução nasal, tosse e mal-estar (duração média de 7 a 10 dias). É causado por mais de 200 sorotipos diferentes de vírus (rinovírus, coronavírus, adenovírus, entre outros) que circulam o ano inteiro e que, por isso, qualquer pessoa pode ter mais de um resfriado no mesmo ano (crianças e idosos, principalmente) e não há vacina! Já na gripe (causada, exclusivamente, pelos vírus influenza, que circula no outono e inverno) o início típico é súbito (de uma hora para outra), caracterizado por febre alta, cefaleia intensa, tosse, dor de garganta, mialgia, congestão nasal, cansaço, fraqueza e falta de apetite, apresentando, de uma forma geral, sintomas mais intensos do que no resfriado comum.
As IVAS podem complicar com uma rinossinusite bacteriana ou com otite, faringoamigdalite, laringite e pneumonia. A prevenção se dá ao manter hábitos saudáveis de alimentação e atividade física, evitar aglomerações no inverno e lavar sempre as mãos! Assim como tomando a vacina da gripe, que é segura (é um vírus morto que está lá dentro, então, é impossível ele provocar a doença) e que deve ser feita todo ano por causa do seu efeito por um tempo limitado e porque será sempre uma vacina atualizada. A dica é ficar atento: cuidado com a automedicação e procure o médico, principalmente, quando tiver indícios de complicação: rouquidão, dor de ouvido, febre e tosse com secreção persistentes, por exemplo. Informe-se sobre as populações prioritárias para vacinação e não perca as campanhas anuais!